Como fomentar a autonomia nos mais novos?



Publicado em 15/09/2023

A autonomia é construída gradualmente e é uma caraterística fulcral para o desenvolvimento cognitivo. Contudo, para que esse desenvolvimento aconteça, terá que existir um envolvimento ativo dos cuidadores primários. É essencial deixar que a criança experimente as situações, perceber quais as diferentes formas de agir e quais os desafios que as situações comportam. Deste modo, o adulto deve encorajar a que a criança realize a atividade sozinha, enquanto está atento caso surja a necessidade de intervir. A comunicação torna-se fundamental para trabalharmos estas questões, assim como deverá existir um equilíbrio entre autoridade e autonomia.

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Existem algumas estratégias que poderá adotar para desenvolver a autonomia nos mais novos:

  • Dê tempo à criança para que possa organizar o pensamento e explorar o ambiente

Deixe que a própria criança crie um esquema mental, que elabora teorias e perguntas, e que seja capaz de lhes responder sozinha, desenvolvendo também outras capacidades como argumentação, imaginação, criatividade e raciocínio.

  • Envolva a criança nas tarefas do quotidiano e estipule objetivos realistas e realizáveis tendo em conta o desenvolvimento e idade

Perceba o que ela já é capaz de executar, vá pedindo ajuda nas tarefas domésticas, como por exemplo começarem por fazer a cama juntos até ser capaz de executar sozinha, prepararem as refeições em conjunto.

  • Utilize a brincadeira, ao invés da imposição e rigidez

A brincadeira é uma excelente ferramenta para fomentar um clima mais descontraído, uma vez que é necessário encorajar e não impor de forma rígida.

  • Incentive a resolução de problemas, fomente a comunicação e o espírito crítico

É importante conversar acerca das várias problemáticas que vão surgindo no quotidiano da criança, incentivando a que ela pondere sobre a resolução do problema. Conversem sobre temas da atualidade que sejam acessíveis ao nível de compreensão da criança, sobre o que acontece na escola e como é que ela pode agir em determinada situação, assim como é necessário trabalhar questões como o que é correto e o que não é, a necessidade de pedir desculpa quando se erra.

  • Envolva a criança nas pequenas escolhas do quotidiano, desenvolvendo o poder da escolha

Pergunte sobre o que gostava de vestir, o que poderão jantar no dia a seguir, o que poderão fazer no fim de semana, etc

  • Trabalhe e normalize a frustração

Por vezes as situações não correm conforme planeamos, e não há problema nenhum. Existem variáveis externas que influenciam as situações, e é necessário lidar com essa frustração e normalizá-la.

  • Trabalhe a confiança e auto-estima

Verbalizações como “tu consegues”, “tu és capaz”, “que bom, conseguiste!” são importantíssimas para reforçar positivamente o comportamento da criança.

  • Não antecipe situações nem instigue o medo

Lembre-se que “é preciso cair para aprender a levantar”. É necessário que a criança aprenda que dos seus atos vão surgir consequências, quer estas sejam positivas ou negativas.

Em suma, a forma como vemos o mundo é construída e moldada desde os primeiros anos de vida – fomentar um clima de confiança e segurança na criança, para que ela perceba que consegue agir sozinha e tomar as suas próprias decisões depois de pensar sobre as várias consequências, torna-se fulcral para se tornar um adulto autónomo. Se, por outro lado, a criança percecionar que existe sempre alguém a decidir e a agir por ela, vai habituar-se a essa ideia e acomodar-se, esperando que alguém atue e resolva as situações.